sexta-feira, 3 de junho de 2011

A Recriação - Os Últimos Quatro Dias




Vemos o mesmo princípio em Efésios 1, que descreve o trabalho, a obra, a ação, o dispensar do Pai, do Filho e do Espírito, resultando na igreja (vs. 22, 23). Em Gênesis 1, também vemos esse resultado: os itens criados no quarto dia representam a igreja. No terceiro dia a vida surgiu, mas era somente a vida vegetal, que ainda não podia multiplicar-se; havia árvores frutíferas, mas elas não podiam gerar frutos, pois ainda não havia uma luz mais definida. Por isso, Deus criou no quarto dia o sol, a lua e as estrelas, e as plantas começaram a florescer e frutificar.
Isso tem profundo significado espiritual. Muitos cristãos estão apenas na experiência do terceiro dia: eles têm a vida divina, foram regenerados pela ressurreição de Cristo, no entanto, a vida divina neles não cresce, não se multiplica, não amadurece. Por quê? Por que lhes falta uma luz definida, concreta, como a luz do Sol.
No quarto dia foram criados o sol e a lua, um para governar o dia e outro para governar a noite. O sol representa Cristo, que é chamado de sol da justiça, enquanto a lua representa a igreja. A igreja, assim como a lua, não tem luz própria, apenas reflete a luz de Cristo, assim como a lua reflete a luz do sol. Quanto mais a igreja permanece em contato vivo e direto com Cristo, mais de Sua luz ela tem, e essa luz faz com que a vida divina em nós cresça.
Muitos filhos de Deus, apesar de serem genuinamente salvos, não conseguem ter um viver que expresse isso, pois permanecem na luz do terceiro dia. Cristo morreu e ressuscitou por nós – isso é maravilhoso, mas não é tudo. Precisamos avançar, precisamos crescer, precisamos conhecer Cristo e a igreja, conhecer a luz concreta do quarto dia. Além do sol e da lua, foram criadas as estrelas, que representam os cristãos individualmente, a descendência celestial de Abraão (cf. Gn 15:5; Gl 3:7).
No quito dia, foram criados os peixes do mar e as aves dos céus. Isso indica que após o surgimento da igreja, devemos multiplicar-nos e nos propagar, gerando filhos espirituais para Deus. Mas Deus ainda não estava satisfeito, pois esses animais não poderiam encher a terra. Então, o sexto dia, Deus criou os quadrúpedes, animais terrestres para encher a terra.

A Obra-Prima


No entanto, Deus ainda não estava satisfeito. A criação precisava de alguém para governá-la, uma vez que Satanás se havia rebelado. Além disso, ainda não havia nenhuma criatura que expressasse Deus. Por isso, o Deus triúno teve uma conferência: “Disse Deus: façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn 1:26). “Disse Deus” está no singular, enquanto “façamos” está no plural. Essa é a primeira indicação bíblica da Trindade divina. Deus é o Pai, o Filho e o Espírito, não três deuses, mas um único Deus.
Por que havia a necessidade de Deus criar o homem à Sua imagem e semelhança? Para que Ele fosse plenamente expresso. Nós temos, exteriormente, a semelhança de Deus, enquanto temos a imagem de Deus interiormente. A imagem de Deus é Sua alma e, assim como Deus tem alma, nós também temos (Hb 10:38b). Deus criou-nos com alma, a qual é composta de três partes: mente, vontade e emoção. Nossa mente foi criada para conter o propósito de Deus, nossa emoção foi criada para conter o mistério da vontade de Deus, expressões encontradas em Efésios 1, capítulo que descreve detalhadamente o propósito eterno de Deus. Além disso, o homem foi criado com um espírito, sua parte mais importante (Zc 12:1).
Por que o homem, interiormente, foi criado de modo a corresponder a Deus? Deus fez o homem assim para que este pudesse contê-Lo e expressá-Lo por meio de sua alma. Hoje, Deus não quer mais que um arcanjo governe, como na primeira criação, mas Ele mesmo quer governar.  Para isso, criou o homem com um espírito.  Deus é Espírito e quer entrar no espírito do homem, para que este espalhe a imagem e a semelhança de Deus sobre a terra – seja fecundo e multiplique-se –, e também para que ele governe toda a terra, especialmente sobre os animais que rastejam pela terra, os quais representam Satanás.

Muito Bom!

O homem foi criado no sexto dia, e somente depois de criar o homem, Deus disse: “Muito bom”. Nos dias anteriores, Ele havia dito apenas: “Bom”, mas no sexto dia, ao contemplar Sua obra-prima, Deus disse: “Muito bom”. Então Deus descansou de toda a Sua obra, pois a havia concluído. Podemos dizer que Deus concluiu Sua economia, pelo menos em tipo, em figura. Quando Ele a concluiu? Depois da criação do homem. Portanto, é o homem que, unido a Deus, leva a cabo a economia de Deus, pois o homem é o complemento e o auxiliador de Deus.

O Significado


Como vimos, os sete dias da recriação não são apenas o relato sobre a obra do Deus criador. Muito mais do que isso, aquele registro mostra o desejo do Deus triúno em trabalhar-se dentro do homem tripartido, a fim de obter o Corpo de Cristo. Vemos isso em figura, em Gênesis 1, e em realidade, em Efésios 1, culminando com os versículos 22 e 23. O Corpo de Cristo é a igreja, é a plena expressão de Deus na Terra.
Essa é a criação de Deus! Todas as coisas foram feitas por intermédio da Palavra viva de Deus, e sem Ela nada teria sido feito. E tudo foi feito com o objetivo de Deus ter o homem, a fim de dispensar-Se para dentro Dele, gerando, assim, a igreja, a expressão viva de Deus entre os homens. Esse resultado é apresentado em João 1:51, que mostra a incorporação do Deus Triúno com o homem corporativo, tripartido.
Portanto, tudo o que Deus planejou na eternidade passada e começou a colocar em prática no tempo, Ele está preste a obter. Para isso, ele conta exclusivamente com o homem, uma criatura frágil e inferior aos anjos. No entanto, temos em relação a eles uma diferença crucial: temos um espírito que pode conter o Espírito de Deus e pelo qual podemos viver de maneira inteiramente agradável a Deus. Desse modo, cumpriremos, na era do Espírito da realidade, a economia de Deus e estaremos apressando a segunda vinda de nosso amado Senhor. 

 CEAPE - Centro de Aperfeiçoamento para a Propagação do Evangelho



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